Cardeal Cristoph Schönborn homilia – Es 3,13-20, Mt 11,28-30
Seja louvado Jesus Cristo! Queridos irmãos e irmãs, queridíssima Madre Elvira, estou muito emocionado e surpreso com esta grande assembléia. Nada sabia do que ia me a contecer, somente sabia que era convidado. Com grande alegria vim para esta festa da Virgem do Carmo, vigésimo sexto aniversário da Comunidade: então feliz aniversário para toda a Cenacolo! Mas o plano de Deus é sempre maravilhoso e nos surpreende: justamente hoje, na festa da Virgem do Carmo, as leituras do dia são tão apropriadas à Comunidade que só me resta dizer: “O Senhor faz maravilhas nas pequenas coisas!” Recebemos esta Palavra do Livro do Êxodo, que é justamente o anúncio da libertação, o anúncio de um Deus que fala de si mesmo: “Eu estou convosco, eu sou Aquele que sempre está convosco”. Um Deus que se revela assim: “Eu vi a miséria, o sofrimento do meu povo e por isso desci para libertar-vos da escravidão, da escravidão do Egito, deste grande faraó imagem do príncipe do mundo, para vos levar à montanha santa onde vão me oferecer um sacrifício”. O anúncio da libertação então, a coisa mais linda para o aniversário da Comunidade, que mostrou a muitos de nós que Deus é Aquele que viu a miséria do seu povo, que não fechou os olhos nem os ouvidos diante do grito e do sofrimento do seu povo; desceu para libertá-lo das mãos do faraó, que não quis libertar seus escravos, seus servos. Mas Deus tem outro projeto para seu povo; vejamos estas palavras tão lindas: “O Deus de vossos pais me mandou até vós” deve dizer Moisés ao povo. E qual é o nome deste Deus? “Eu sou aquele que sou”. “Eu sou me mandou até vós”. O nome de Deus: Deus é aquele que é. Que consolo saber que Deus é! Nós todos recebemos a vida, então nós todos estamos em perigo de perder a orientação da vida. Agora Deus nos fala: “Eu sou aquele que sou”, nos assegura que Ele é: qual consolo saber que Deus é. Em um mundo onde tudo muda, tudo passa, tem Um que é! Hoje Deus nos fala: “Eu sou o Deus de vossos pais, de Abraão, de Isaac...”. fazendo esta longa viagem de Ginevra para cá, subindo esta santa montanha, vi muitas Igrejas, testemunhas dos nossos pais e das nossas mães na fé. Hoje Deus nos fala: “Eu sou o Deus dos vossos pais. Talvez vocês tenham esquecido de vossos pais, da fé dos vossos pais, das vossas mães...”. Lembro que um dia Madre Elvira me contou a história de sua mãe: a fé dos nossos pais, das nossas mães, dos nossos idosos. O Deus de nossos pais não nos esqueceu, é o Deus que hoje está conosco, que vê o sofrimento de seu povo, que observa, que desce, que se torna humilde, se faz homem para ser conosco e nos doar a liberdade, a libertação, a redenção. Por isso não devemos ter medo do faraó. Moisés tinha medo do faraó. Eu muitas vezes tenho medo do faraó, do príncipe deste mundo, da força, da violência desse mundo. O que nós somos: pobres, impotentes, diante do poder deste mundo, de suas tentações, esta imensa máquina do mundo. Moisés tinha medo do faraó, o grande rei do Egito: “Quem sou eu para ir falar com o faraó?”. E Deus lhe responde: “Irás ao rei do Egito e lhe falareis: O Senhor, Deus dos Judeus, se apresentou a nós. Deixa-nos caminhar três dias no deserto adentro, para fazer um sacrifício ao Senhor, nosso Deus”. Mas o faraó não permitirá isto, ele não quer que nós saiamos da nossa escravidão, o faraó quer sempre nos deixar na escravidão e por isso Deus deve dar sinais fortes: dez sinais ele deu ao faraó do Egito, até que ele deixasse o seu povo sair. Quantos sinais o Senhor deu nesses vinte e seis anos desta Comunidade! Sinais de que ele é o Senhor e nos dá a liberdade. O Evangelho escolhido pela Igreja para o dia de hoje, por este dia da semana, é justamente o trecho que fala a todos nós e a muitos de nossos amigos, irmãos e irmãs, que vivem o sofrimento: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos darei alívio”. O Senhor Jesus nos dá o alívio mas nos fala uma coisa: “Peguem o meu fardo sobre vós”. Já experimentamos quanto é pesado o fardo do mundo, do pecado, da escravidão. O fardo de Jesus é leve. Podemos testemunhar esta realidade: o fardo de Jesus é leve! Porque é leve? Porque ele é “manso e humilde de coração”, isto torna o homem leve, livre, e assim nós também encontramos descanso na nossa vida, em Jesus. Depois, finalmente, a festa da Virgem do Carmo: para mim, para todos vós esta data é muito importante, e tem vários motivos para amar esta festa. Somente uma pequena lembrança do fato de que é o último dia das aparições de Nossa Senhora a Bernadete, em Lourdes: 151 anos atrás, na data de hoje, a Imaculada Conceição apareceu pela última vez a Bernadete, a esta pobre e humilde moça. Tem depois mais um acontecimento que tenho no meu coração: é o dia de festa da Comunidade do Agnello, da qual sou o Bispo Responsável; são mais idosos do que vós, têm trinta anos, mas formam uma Comunidade jovem e justamente hoje celebram seu aniversário, assim que estamos unidos a eles. Vós da Cenacolo fizeram a experiência de que para encontrar Jesus humilde e manso não tem caminho mais simples, mais seguro, mais luminoso do que Sua Mãe! É a fé da nossa Mãe: “Bem-aventurada porque acreditastes”. Confio nesta Missa toda a Comunidade a Nossa Senhora, a Maria: todos vós e todos os que levamos em nossos corações e que estão no sofirmento, na espera de encontrar o Deus de nossos pais, Jesus, o Libertador e sua Mãe, Maria. Amém.
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